Rastreamento do Câncer de Pulmão: Recomendações e protocolos

Letícia Lauricella • September 3, 2024

O câncer de pulmão continua sendo uma das principais causas de mortalidade relacionada ao câncer globalmente, tornando o rastreamento uma ferramenta vital para a detecção precoce e a melhoria das taxas de sobrevida.


Este artigo explora as recomendações e os protocolos para o rastreamento do câncer de pulmão e enfatiza  a importância de estratégias proativas na saúde pulmonar.
Continue lendo para entender quem deve ser rastreado, os métodos utilizados e como essas práticas podem salvar vidas.


O que é o rastreamento de câncer de pulmão?


O rastreamento de câncer de pulmão envolve o uso de métodos diagnósticos, como tomografias computadorizadas de baixa dose (TCBD) de radiação, para identificar precocemente o câncer em pessoas
sem sintomas evidentes. Esse procedimento é essencial para interceptar a doença antes que ela avance e se torne mais difícil de tratar.


A detecção precoce permite abordagens terapêuticas que podem
preservar mais a qualidade de vida do paciente e, em muitos casos, aumentar significativamente a taxa de cura.


Quem deve ser rastreado?


O rastreamento para câncer de pulmão é baseado em critérios específicos que visam identificar aqueles indivíduos com
maior risco de desenvolver a doença. Em 2024, pela primeira vez no Brasil, as Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica, Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia  e Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBRDI) publicaram as diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer de pulmão (1) Essas diretrizes agora recomendam a triagem anual com TCBD para:Thi


  • Indivíduos com idade entre 50 e 80 anos: A faixa etária foi ajustada para incluir pessoas mais jovens, começando a partir dos 50 anos, em vez dos 55 anos anteriormente recomendados​.


  • Histórico de tabagismo de 20 anos-maço: Pessoas que fumaram um maço de cigarros por dia durante 20 anos, ou a equivalente combinação, agora são incluídas nas recomendações. Este critério foi reduzido em comparação com os 30 anos-maço anteriores​.


  • Pessoas que pararam de fumar nos últimos 15 anos: Esta atualização considera os danos pulmonares acumulados ao longo dos anos de tabagismo, mesmo após a cessação do hábito​.


Essas diretrizes foram adaptadas para
refletir a realidade brasileira, considerando aspectos socioeconômicos e as condições específicas de saúde pública no Brasil. O objetivo é proporcionar uma detecção precoce mais acessível e eficaz, adaptada às necessidades da população local.


Fonte bibliográfica (1) J Bras Pneumol. 2024;50(1):e20230233

https://www.scielo.br/j/jbpneu/a/HnjpJqTxKc5Fbyh7KCYq7hN/?lang=pt


Métodos de rastreamento recomendados


A
tomografia computadorizada de baixa dose é atualmente o método recomendado para o rastreamento de câncer de pulmão devido à sua eficácia em detectar lesões pequenas e em estágios iniciais. Estudos robustos, como o National Lung Screening Trial (NLST), mostram que a tomografia pode reduzir a mortalidade por câncer de pulmão em até 20% entre as populações de alto risco.


Este método utiliza uma
quantidade menor de radiação em comparação com as tomografias convencionais, tornando-o mais seguro para uso em rastreamentos periódicos.


Benefícios do rastreamento precoce


Os benefícios do rastreamento precoce foram amplamente reconhecidos pelas novas diretrizes, destacando-se:


Detecção precoce


O rastreamento precoce é fundamental para identificar o câncer de pulmão enquanto ainda está em
estágios iniciais, aumentando substancialmente as possibilidades de tratamentos bem-sucedidos. Diagnosticar a doença antes de ela se espalhar para outras áreas do corpo permite o uso de terapias menos invasivas, que podem preservar melhor a qualidade de vida do paciente.


Redução da mortalidade


Estudos demonstram que um rastreamento eficaz pode diminuir significativamente a mortalidade associada ao câncer de pulmão. A detecção precoce através de métodos como a TCBD possibilita intervenções médicas oportunas, que são cruciais para
melhorar os prognósticos em pacientes de alto risco​


Otimização dos recursos de saúde


O rastreamento precoce também contribui para a otimização dos recursos de saúde,
reduzindo a necessidade de tratamentos extensos e dispendiosos que são comuns em estágios avançados da doença. Isso não apenas melhora a eficiência dos cuidados médicos, mas também alivia a carga financeira sobre os sistemas de saúde e os pacientes​.


O Ministério da Saúde está reavaliando a incorporação da TCBD como parte do Sistema Único de Saúde (SUS), o que poderá ampliar ainda mais o acesso ao rastreamento precoce e reduzir as disparidades na detecção do câncer de pulmão​.


Avanços tecnológicos no rastreamento do câncer de pulmão


Os avanços recentes nas tecnologias de imagem e no desenvolvimento de biomarcadores têm transformado significativamente a eficácia do rastreamento do câncer de pulmão. As inovações em tomografia computadorizada de baixa dose, por exemplo, oferecem imagens de alta resolução que facilitam a detecção de
nódulos pulmonares em estágios muito iniciais.


Aprimoramento da precisão diagnóstica

A tomografia computadorizada de baixa dose continua a ser a tecnologia padrão no rastreamento do câncer de pulmão devido à sua capacidade de detectar lesões pequenas e em estágios iniciais com menor exposição à radiação. Essa tecnologia tem mostrado reduzir significativamente a mortalidade por câncer de pulmão em populações de alto risco​


Inteligência artificial na análise de imagens médicas

A incorporação de algoritmos de inteligência artificial (IA) na análise de imagens médicas está sendo amplamente estudada para ajudar a superar um dos maiores desafios do rastreamento: a ocorrência de falsos positivos. Estudos indicam que a IA pode, no futuro, diferenciar com maior precisão entre nódulos benignos e malignos, o que poderá reduzir a necessidade de procedimentos invasivos subsequentes e a ansiedade dos pacientes. Além disso, a IA tem o potencial de contribuir para uma identificação mais rápida de casos tratáveis, permitindo uma intervenção médica mais ágil e personalizada, otimizando os resultados terapêuticos e aumentando as taxas de sobrevivência.


Um nódulo pulmonar foi encontrado no rastreamento de câncer de pulmão, e agora?


Quando um nódulo pulmonar é identificado durante um rastreamento de câncer de pulmão, é crucial seguir um protocolo detalhado para determinar a natureza do nódulo e decidir os próximos passos apropriados. Aqui está como geralmente se segue:


1. A primeira etapa após a descoberta de um nódulo pulmonar é
avaliar suas características, como tamanho, forma, e densidade. Esses detalhes são essenciais para estimar o risco de câncer. Nódulos menores que 6 mm em pessoas de baixo risco geralmente são monitorados com exames de acompanhamento.


2. Dependendo do risco inicial, o nódulo pode ser reavaliado através de
exames de imagem adicionais em intervalos de três a seis meses. O objetivo é verificar qualquer mudança no tamanho ou aparência do nódulo, o que pode indicar atividade cancerígena.


3. Se o nódulo cresce ou apresenta características suspeitas durante o acompanhamento, uma
biópsia pode ser necessária. Este procedimento envolve a coleta de uma amostra do tecido do nódulo, que é então examinada através de um microscópio para células cancerígenas.


4. Pacientes cujos nódulos têm características de risco ou que apresentam crescimento significativo são geralmente encaminhados para um
oncologista pulmonar ou cirurgião torácico para uma avaliação mais aprofundada e discussão sobre opções de tratamento.


5. Mesmo nódulos determinados inicialmente como de baixo risco necessitam de
monitoramento contínuo para qualquer mudança futura. O intervalo e a duração do monitoramento dependem do tamanho do nódulo e dos resultados dos exames anteriores.


Cada passo é tomado com cuidado, considerando a saúde geral do paciente e os possíveis riscos de procedimentos adicionais. A
comunicação transparente com o paciente sobre as descobertas, riscos potenciais e o plano de tratamento é fundamental para uma jornada segura e eficaz.


Perguntas Frequentes


Como rastrear câncer de pulmão?

O rastreamento de câncer de pulmão é feito principalmente por meio de tomografia computadorizada de baixa dose (TCBD), que permite detectar nódulos e outras anormalidades pulmonares em estágios iniciais.


Como fazer rastreamento do câncer?

O rastreamento do câncer é feito seguindo as diretrizes baseadas na idade, histórico familiar e fatores de risco. Os exames específicos são recomendados por profissionais de saúde com base nessas diretrizes.


O rastreamento do câncer de pulmão pode reduzir a mortalidade?

Sim, estudos demonstraram que o rastreamento regular com tomografia computadorizada de baixa dose pode reduzir a mortalidade por câncer de pulmão em até 20% em populações de alto risco.


Quem não deve fazer o rastreamento de câncer de pulmão?

Pessoas sem um histórico significativo de tabagismo, que não estão na faixa etária de alto risco (50 a 80 anos), ou que têm condições de saúde que limitam significativamente a expectativa de vida ou a capacidade de receber tratamento para câncer de pulmão.


O rastreamento do câncer de pulmão é recomendado para todos os fumantes?

Não para todos, mas é altamente recomendado para fumantes de longa data e alta carga tabágica, especialmente aqueles entre 50 e 80 anos que fumaram pelo menos 20 maços-ano e que fumaram nos últimos 15 anos.


O exame para rastreamento do câncer de pulmão é doloroso ou invasivo?

A tomografia computadorizada de baixa dose, utilizada para o rastreamento de câncer de pulmão, não é dolorosa nem invasiva. O procedimento é rápido e não requer nenhuma intervenção no corpo do paciente.


O que acontece em caso de um resultado falso positivo no rastreamento do câncer de pulmão?

Em caso de resultado falso positivo, podem ser recomendados exames adicionais para esclarecer o diagnóstico, como biópsias ou tomografias de acompanhamento.


Conclusão | Conheça a Dra. Leticia Lauricella


O rastreamento de câncer de pulmão é uma ferramenta poderosa na luta contra esta condição. Com as tecnologias de rastreamento avançadas de hoje e diretrizes claras sobre quem deve ser rastreado, é possível salvar mais vidas através da
detecção precoce. Encorajamos todos os indivíduos de alto risco a participar de programas de rastreamento e a se informarem sobre as melhores práticas e avanços na área. Compartilhe este artigo para ajudar outras pessoas.


Se você está em busca de um especialista em câncer de pulmão, conheça a
Dra. Leticia Lauricella, formada em Medicina na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), sendo a primeira mulher contratada como assistente do grupo de Cirurgia Torácica da FMUSP. Atuando em hospitais em São Paulo, a Dra. Leticia tem o objetivo de oferecer aos pacientes as opções mais avançadas e eficazes de tratamento, ao mesmo tempo em que busca contribuir para o avanço da ciência médica por meio da pesquisa. Para mais informações acesse o site ou para agendar uma consulta clique aqui.


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