Conheça os principais fatores de risco no câncer de pulmão

Letícia Lauricella • June 24, 2024

O câncer de pulmão continua sendo uma das principais causas de mortalidade relacionada ao câncer em todo o mundo, com diversos fatores de risco que contribuem para seu desenvolvimento.


Este artigo explora os
principais fatores de risco no câncer de pulmão, oferecendo informações sobre como cada fator influencia o risco e o que pode ser feito para mitigá-lo. Continue lendo para entender melhor.


Principais Fatores de Risco no Câncer de Pulmão


Impacto do Tabagismo


O tabagismo é reconhecido como o principal fator de risco para o desenvolvimento de câncer de pulmão, respondendo por cerca de 85% dos casos diagnosticados. Quando uma pessoa fuma cigarros, charutos ou cachimbos, ela inala uma mistura de
mais de 7.000 substâncias químicas, muitas das quais são comprovadamente tóxicas e mais de 70 são carcinogênicas. Essas substâncias causam mutações genéticas nas células pulmonares, o que pode levar ao desenvolvimento de tumores malignos. O risco aumenta com a quantidade e a duração do tabagismo, reforçando a importância da cessação do tabagismo como medida preventiva primária.


Efeitos do Fumo Passivo


O fumo passivo, também conhecido como exposição ao fumo ambiental do tabaco, é outra fonte significativa de risco para o câncer de pulmão, impactando não só fumantes, mas também não fumantes. Indivíduos expostos ao fumo passivo em ambientes fechados, como casas ou locais de trabalho, têm um risco até 30% maior de desenvolver câncer de pulmão comparado a pessoas que não são expostas. Isso ocorre porque o fumo passivo contém muitos dos mesmos carcinógenos que o fumo direto, enfatizando a necessidade de políticas públicas rigorosas que restrinjam o fumo em espaços públicos e privados.


Amianto e Outros Carcinógenos Industriais


Além do tabagismo, a exposição ao amianto continua sendo um fator de risco grave para o câncer de pulmão, especialmente para trabalhadores de certas indústrias, como construção civil, mineração e fabricação que envolvem o uso de amianto. As fibras de amianto, quando inaladas, podem se alojar nos tecidos pulmonares, causando
inflamação e cicatrizes que, eventualmente, podem levar ao desenvolvimento de câncer. A vigilância e a regulamentação rigorosa da exposição ao amianto são essenciais para proteger esses trabalhadores. Importante ressaltar que o amianto também é um fator de risco para um tipo de tumor que acomete a pleura, a membrana que recobre os pulmões, chamado mesotelioma.


Poluição do Ar


A exposição prolongada à poluição do ar, especialmente em áreas urbanas densamente povoadas, é um fator de risco significativo para o câncer de pulmão. Poluentes atmosféricos, como partículas finas (PM2.5 e PM10), dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio, podem penetrar profundamente no sistema respiratório e são associados a um aumento no risco de
mutações celulares cancerígenas. Medidas de controle da qualidade do ar e políticas de redução de emissões são críticas para minimizar esse risco.


Radônio


O radônio é um gás natural, invisível, inodoro e insípido, que pode representar um sério risco à saúde. Proveniente do subsolo, o radônio está presente no ar que respiramos e é responsável por aproximadamente 55% da radiação que recebemos ao longo da vida. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o radônio como a
segunda maior causa de câncer de pulmão, ficando atrás apenas do tabagismo. Notavelmente, a exposição ao radônio é um dos principais fatores de risco para câncer de pulmão em não fumantes. Ele pode infiltrar-se em nossas casas por meio de fraturas no piso, rachaduras nas paredes, espaços entre o alicerce e a casa, além de encanamentos e janelas. Ambientes fechados e mal ventilados, especialmente em locais com invernos rigorosos e isolamento térmico eficiente, são mais suscetíveis a concentrações elevadas desse gás perigoso.


No Brasil, os esforços para identificar a concentração de gás radônio têm avançado com as ações do Programa Risco de Radônio, desenvolvido pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB). Esta iniciativa visa medir o risco de contaminação por radônio e gerar dados técnicos que contribuam para a prevenção do câncer de pulmão. Um estudo recente na Região Metropolitana de São Paulo revelou que 11% dos ambientes investigados apresentaram níveis de radônio acima de 4,0 pCi/L, o que é alarmante. Para saber se uma casa possui radônio, é essencial realizar testes específicos que medem a concentração desse gás no ar. Kits de detecção de radônio estão disponíveis no mercado e são uma medida preventiva crucial para a saúde. Proteger-se contra o radônio envolve verificar sua presença em casa e garantir uma boa ventilação, essencial para reduzir os riscos à saúde associados a este gás mortal.


Histórico Familiar de Câncer de Pulmão


Um histórico familiar de câncer de pulmão pode indicar uma
predisposição genética à doença. Indivíduos cujos familiares diretos (pais, irmãos ou filhos) tiveram câncer de pulmão apresentam maior risco de desenvolver a doença, particularmente se o parente foi diagnosticado em uma idade jovem. Esse risco é exacerbado quando combinado com exposição pessoal a fatores de risco ambientais ou comportamentais, como fumar ou trabalhar com carcinógenos. A avaliação genética e a consulta com um especialista podem ser recomendadas para esses indivíduos.


Idade e Incidência de Câncer de Pulmão


O risco de desenvolver câncer de pulmão tende a aumentar com a idade, sendo mais comum em pessoas com
65 anos ou mais. Este padrão ocorre porque as mutações celulares que podem levar ao câncer de pulmão geralmente se acumulam ao longo de muitos anos. A incidência é raramente vista em indivíduos com menos de 45 anos. Além disso, a combinação da idade com hábitos de vida prejudiciais, como o tabagismo prolongado, pode acelerar significativamente o desenvolvimento da doença. Portanto, a conscientização sobre a importância de estilos de vida saudáveis deve ser mantida mesmo em idades avançadas.


Dieta e Exercício


Uma dieta inadequada e a falta de atividade física também desempenham papéis críticos. Uma
dieta rica em frutas e vegetais pode fornecer antioxidantes e compostos bioativos que ajudam a proteger contra o câncer de pulmão, enquanto uma dieta pobre em nutrientes pode enfraquecer o sistema imunológico do corpo e sua capacidade de combater células cancerosas. Além disso, o exercício regular ajuda a melhorar a função pulmonar e a saúde geral, reduzindo potencialmente o risco de desenvolver várias formas de câncer, incluindo o de pulmão. Estudos sugerem que um estilo de vida ativo pode ter um efeito protetor, mesmo entre ex-fumantes e pessoas expostas a riscos ocupacionais.


Prevenção e Detecção Precoce


A prevenção e a detecção precoce são fundamentais para diminuir a incidência e melhorar os prognósticos do câncer de pulmão. Estratégias eficazes que combinam a cessação do tabagismo e a implementação de testes de triagem podem salvar vidas, especialmente entre aqueles em maior risco.


Cessação do Tabagismo


Parar de fumar é, sem dúvida, a
medida mais eficaz para prevenir o câncer de pulmão. Diversos programas de cessação do tabagismo, como terapias de substituição de nicotina, aconselhamento, medicamentos prescritos e suporte de grupos, têm mostrado melhorar significativamente as taxas de sucesso em deixar o hábito. Esses programas são essenciais porque cada ano sem fumar diminui o risco de desenvolver câncer, além de melhorar a saúde cardiovascular e respiratória. É importante um suporte contínuo para manter a abstinência do tabaco, especialmente durante os primeiros meses após a cessação.


Importante salientar que o risco de câncer de pulmão está diretamente
relacionado ao tempo de exposição (medido em anos)  e à quantidade de cigarros fumados por dia (medidos em maços). Dessa forma podemos calcular a carga tabágica multiplicando o tempo pela quantidade (anos-maço). A pessoa que fumou mais de 15 a 20 anos-maço tem um risco aumentado de câncer de pulmão, mesmo após a cessação e dessa forma deve passar pelos programas de triagem ou rastreamento.


Testes de Triagem ou rastreamento


Os testes de triagem desempenham um papel essencial na detecção precoce do câncer de pulmão, particularmente em indivíduos que pertencem a grupos de alto risco, como fumantes de longa data, ex-fumantes, e aqueles que foram expostos a carcinógenos como amianto, radônio e certos poluentes industriais. Técnicas de triagem como
tomografias computadorizadas de baixa dose (LDCT) podem identificar anormalidades pulmonares muito antes de os sintomas se tornarem aparentes. 


Leia também:
“Estadiamento” do câncer de pulmão. O que significa isso?


A detecção precoce através desses métodos pode aumentar significativamente as chances de tratamento bem-sucedido e, em muitos casos,
cura do câncer de pulmão. É recomendado que pessoas em risco consultem seus médicos sobre a frequência e a necessidade de realizar essas triagens, conforme seu histórico médico e exposições de risco.


Quando Consultar um Médico?


Identificar o momento certo para procurar avaliação médica pode ser crucial para o diagnóstico precoce e o tratamento eficaz do câncer de pulmão. Confira sinais de alerta que precisam de atenção e indicam a necessidade de uma consulta com um médico:



  • Tosse Persistente ou Mudança no Padrão de Tosse: Uma tosse que não desaparece ou que piora com o tempo, especialmente se for acompanhada por dor torácica ou falta de ar, pode ser um sinal de câncer de pulmão.
  • Tosse com Sangue: Qualquer quantidade de sangue expelido na tosse (hemoptise) requer avaliação imediata, independentemente de outros sintomas.
  • Dificuldades Respiratórias: Aumento da falta de ar ou dificuldades respiratórias que se desenvolvem sem uma explicação clara, como exercício físico, podem ser indicativas de bloqueio ou inflamação no pulmão causada por tumores.
  • Perda de Peso Inexplicada e Fadiga: Perda de peso sem tentar ou fadiga extrema pode ser sintomas de câncer de pulmão, especialmente se acompanhados por outros sintomas listados aqui.
  • Dor no Peito: Dor no peito, ombros ou nas costas, que não está relacionada a exercícios ou tosse, pode ser um sinal de câncer de pulmão.


Perguntas Relacionadas


Qual é o causador do câncer de pulmão?

O principal causador do câncer de pulmão é o tabagismo, responsável por cerca de 85% dos casos. No entanto, temos observado um aumento preocupante na incidência de câncer de pulmão em não tabagistas, principalmente em mulheres e jovens.  Outros fatores de risco incluem exposição ao radônio, amianto, poluição do ar e carcinógenos ocupacionais.


Qual é a prevenção de câncer de pulmão?

A prevenção mais eficaz contra o câncer de pulmão é evitar o tabagismo e a exposição ao fumo passivo. Além disso, manter um estilo de vida saudável com dieta equilibrada, exercícios regulares e minimizar a exposição a poluentes e carcinógenos ocupacionais são medidas preventivas importantes.


Qual o tipo mais comum de câncer de pulmão?

O tipo mais comum de câncer de pulmão é o carcinoma de células não pequenas, que constitui cerca de 85% de todos os casos. Este tipo inclui subtipos como adenocarcinoma, carcinoma escamoso e carcinoma de grandes células.


Existem exames genéticos disponíveis que podem identificar minha predisposição ao câncer de pulmão?

Sim, existem testes genéticos que podem identificar mutações associadas a um risco aumentado de câncer de pulmão, especialmente úteis para pessoas com histórico familiar da doença. Esses testes são geralmente recomendados por um médico com base no histórico médico e familiar.


O câncer de pulmão é mais comum em certas idades ou gêneros?

O câncer de pulmão é mais comum em pessoas com mais de 65 anos, embora possa ocorrer em qualquer idade. Estatisticamente, homens têm uma probabilidade ligeiramente maior de desenvolver câncer de pulmão do que mulheres, embora a incidência em mulheres tenha aumentado nas últimas décadas.


Qual é o papel do estresse no desenvolvimento do câncer de pulmão?

Embora o estresse por si só não cause câncer de pulmão, ele pode influenciar comportamentos que aumentam o risco, como fumar. Além disso, o estresse pode afetar o sistema imunológico e potencialmente impactar a progressão da doença ou a resposta ao tratamento em pacientes com câncer.


Conclusão | Tratamento de Câncer de Pulmão em São Paulo


Conhecer os principais fatores de risco no câncer de pulmão é essencial para
tomar medidas preventivas eficazes e buscar tratamento precoce. Se você está em risco, discuta com seu médico sobre estratégias de prevenção e opções de triagem. Quais medidas você pode tomar hoje para reduzir seu risco de câncer de pulmão?


Se você está em busca de um especialista em cirurgia torácica, conheça a
Dra. Leticia Lauricella, formada em Medicina na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), sendo a primeira mulher contratada como assistente do grupo de Cirurgia Torácica da FMUSP. Atuando em hospitais em São Paulo, a Dra. Leticia tem o objetivo de oferecer aos pacientes as opções mais avançadas e eficazes de tratamento, ao mesmo tempo em que busca contribuir para o avanço da ciência médica por meio da pesquisa. Para mais informações navegue no site ou para agendar uma consulta clique aqui.

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